Chama-se paixão, 2ª parte.

Já passou uma semana e os dias foram sempre os mesmos, atarefados e cansativos ao mesmo tempo. Este calor dá cabo de mim e o suor do meu árduo trabalho dá-me arrepios!

Estou fartíssima de caixas e de tirar o que estão dentro delas, estão farta de ter que limpar tudo e ter que colocar tudo no lugar. Parece que sou uma empregada. E depois estou normalmente e oiço sempre «Soraia, faz isto; Soraia faz aquilo!», mas porque é que é só a mim que sabem pedir? Porque sou mais nova e sou filha? Filhos são todos, não sei porque mandam só em mim, fogo.

Porém de uma coisa eu não me posso queixar: do final do dia. Tenho que admitir que aquele ar fresco, "limpa" o meu rosto de toda a melancolia que tenho diariamente. Sinto falta dos meus amigos, sinto falta da multidão, sinto falta do stress. Nasci nesse espaço, cresci e quando me habituei, foi quando abandonei. Não é normal, mas vejo que tenho que me adaptar a este tipo de espaço, já não vale a pena colocar no meu campo de visão, a cidade, pois é para esquecer por completo.
Também posso admitir que mudei um bocado, no sentido de exigir comida de marca, roupas de marca. Vejo que as pessoas aqui, com o pouco, fazem imenso e isso dá-lhes aquele tipo de encanto em que não sei explicar muito bem, mas é bom. As pessoas não são extremamente pobres, mas aquelas que vivem em bairros de lata, dão bastante uso às coisas e tenho que admitir que nunca me passaria pela cabeça em fazer as coisas que elas fazem, porque comigo, mal uma coisa está estragada, é directamente para o lixo. Não penso duas vezes. Mas enfim, a vida é para seguir em frente sempre com um sorriso no rosto e é assim que eu tenho que continuar (apesar de isto ir contra àquilo que eu desejava).